Artigo

Bate papo com um publicitário

Rogério* é um cara que tem orgulho em ser publicitário. Chega pra trabalhar às nove, mas não tem hora pra sair, seu horário do almoço parece um intervalo comercial de tão curto e já chegou a pensar seriamente em levar um colchão inflável para a agência depois de encarar as jornadas que invadem a madrugada em frente ao computador. Ele preferiu dar um nome fictício para o chefe não saber que ele tirou alguns minutos para responder a esta entrevista.

O que te motivou a se tornar um publicitário?

Ah, pensei que era um mercado que dava dinheiro, né (segurou o riso)? Cheguei a pensar que seria convidado para festas cheias de famosos, que faria campanhas muito criativas, com bordões caindo na boca do povo, essas coisas. Mas tô vendo que estou longe desta realidade.

Qual sua comida preferida?

Pizza. Na verdade não é, mas já me acostumei a comer várias fatias por dia e até esqueci o que gosto de comer de verdade.

Qual seu livro favorito?

Publicidade de A a Z, que li na época da faculdade. Muito bom.

Tem outro?

A publicidade é um cadáver que nos sorri, de Toscani.

Você só lê livros que envolvam publicidade?

Sabe como é: eu praticamente respiro publicidade. Por que não fazer o mesmo nas horas vagas?

Um filme favorito.
Serve um que ganhou Cannes?

Não.
Então bota aí: Do que as mulheres gostam.

Sério?
Não tenho tempo de ir ao cinema. Nem sei o que tá passando em cartaz.

Você é casado?

Sou, mas como fico muito tempo na agência, a gente se fala pelo Skype. Dá pra matar um pouco das saudades, já que quando chego em casa, ela e as crianças já estão dormindo.

Quantos filhos você tem?
Dois. Washington tem 9 anos e Olivetto, 6.

Qual seu hobby favorito?

Navegar no Facebook para ter ideias para os jobs.

Dá pra ver que você é realmente viciado no trabalho e mesmo assim não ganha o que esperava. Por que você não desiste da área e vai fazer outra coisa?

É minha cachaça, velho. Mesmo trabalhando horas e mais horas, gosto da adrenalina de começar um trabalho já com o prazo praticamente estourado, da correria e de outras coisas que só quem é publicitário conhece. Bom, preciso voltar pra matar os jobs que estão acumulando na minha mesa, ok? Abraços.

Esta entrevista é ficção. Qualquer semelhança com a realidade (não) é mera coincidência.

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8 Comentários

  1. Concordo plenamente com o Felipe,

    Nossa profissão tinha tudo para ser o sonho de qualquer um trabalhar.

    Mas….trabalha-se muito ganha-se pouco, quem enriquece são os donos das agências as custas do nosso trabalho que não paga hora extra e sim aquele famoso e safado banco de horas.

    Se nos exploram, é por que permitimos

  2. Concordo que os trabalhos sejam puxados, nos esforçamos muito e não ganhamos o suficienete, porém o que eu mais gosto nisso tudo (como na “entrevista”) é a adrenalina do trabalho, não tem rotina, não fica chato, as vezes nos estressamos, mas sempre aprendemos mais e mais, com pesquisas e nas elaborações dos projetos, essa é a maior recompensa… pelo menos na minha opinião.. quando gostamos do que fazemos não é uma obrigação, mas um grande prazer em desenvolver o trabalho, isso serve para qualquer serviço que esteja praticando… e a área publicitaria é ótima pois aprendemos a fazer de tudo.. e conhecemos muito, de diversos assuntos…

  3. Na verdade isso é muito idiota, essa estória de glamour, isso é muito pouco, os pobrecitários deveria se tocar, se mancar e ser mais profissional, mais responsável resolver durante o dia… e respeitar quem chega cedo, e precisa sair cedo, até mesmo pela história da Qualidade de Vida, até mesmo quem sabe fazer já caiu na real, o nosso WO, já falou muito bem sobre isso e claro com muito propriedade.

    “Não tenho nada contra trabalhar à noite ou num fim de semana desde que seja realmente necessário. Transformar isso em regra é demérito.” WO.

    …Não vejo mérito em quem trabalha fora do horário, fim de semana. É falta de competência. WO.

    WO perguntado sobre lazer.

    Na prática, quem consegue se dar tempo para o lazer é mais criativo?

    No meu caso, a criatividade depende totalmente dessa realimentação. E o único lugar onde não obtenho essa realimentação é consumindo publicidade, porque viraria um cachorro que corre atrás do próprio rabo. Se quero fazer publicidade boa, tenho que fazer uma publicidade que se pareça com a vida. Para isso, tenho que entender da vida. WO.

    Alguma delas falaria de você o que a mulher do De Masi falou: ele só pensa em trabalho?

    Não, elas não diriam. A minha relação com mulheres, e incluo a minha mãe, sempre me acrescentou muito. O universo feminino acabou se refletindo no meu trabalho. Se pegar o momento da criação do garoto Bombril, em 1978, o modo como ele se dirigia à mulher era muito contemporâneo.

    Os probrecitários deveriam ler isto, viver essa parte de quem sabe, e sabe mesmo!

    Respeito, pelos horários, tem outras pessoas envolvidas que precisam de respeito, chegam cedo, não se acham, não se embriagam, ou fumam baseados na madrugada, pra buscar ser criativo fora de horário… aliás os administradores dessas agências deveriam se tocar mais sobre isso… isso é desnecessário, isso não é realmente preciso, gastos desnecessários, é simples, façam as contas…

    Os clientes dessas agências deveria se preocupar também, tai o WO, isso transformado em regra é DEMÉRITO.

    Tenha isso como um bom começo, e digo isso porque conheço também essa suposta vidinha de virar noite, comer o que? pizza ah! me poupe isso é comida de quem se dar o respeito…

    Putz! para e pensa probrecitários, se algum de vocês acham que uma pizza, uma noite virada é criativo, pensa ai cliente, imagina quanto vocês não estão perdendo desses critivinhos… imagina esses caras comendo muito bem em casa, junto com o cachorro, a mulher, uma comida gostosa, ou em um bom restaurante com a família, imaginem quanto de criatividade pode rolar.

    http://www.terra.com.br/istoegente/29/reportagens/entrev_olivetto.htm

  4. sou formado em PP, o meu estilo é bem diferente da maioria dos publicitários, não gosto de rock, como a maioria, não assisto filmes de nerds, o que eu gosto de fazer nas horas vagas é estar com os amigos numa roda de samba, churrasco e futebol, gosto de praticar esportes, futebol como o principal, não tenho hábitos igual à maioria dos publicitários, posso dizer q sou um pouco “maloqueiro na publicidade”. Eu já trabalhei em agência de publicidade, e na minha opinião, esse negócio de não ter hora pra sair é uma merda, por mais q vc goste da profissão, acho q tudo na vida tem um limite, tem hora certa pra trabalhar, descansar, sair pra se divertir com os amigos, enfim. Eu saí dessa agência por isso, tinha dia q às 18:00 (horário de saída) eu estava no portão pra ir embora, a minha chefe me chamava pra voltar e falava toda hora q tinha mil coisas pra fazer, às vezes vc tinha compromisso à noite e tinha q desmarcar, isso me irritava demais, e outra, a minha chefe só dormia 2 horas por noite, chegava todos dias na agência umas 9:30, 10:00 horas, as vezes nem dava bom dia quando chegava, toda estressada. Saí de lá pq além de não ter conseguido seguir o ritmo, fiquei preocupado com a minha saúde. SÓ ACHO QUE, AS AGÊNCIAS DEVERIAM TER UMA DOUTRINA, HORA PRA ENTRAR/HORA PRA SAIR, muita gente não concordaria, mas acho q teria mais controle e menos preocupação, hj estou fazendo um estágio remunerado em uma agência experimental na faculdade, que por sinal estou indo muito bem, pois lá não são todos os dias e tem horário pra entrar e horário pra sair. TRADUZINDO: GOSTO DA PROFISSÃO, MAS NÃO GOSTO DE FAZER ESSES HORÁRIOS, ISSO DESGASTA, VOCÊ NÃO TEM NENHUMA DISTRAÇÃO.

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