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A Era da publicidade compartilhada

Quem tem costume de visitar este blog ou outros da área já deve ter percebido que muitas marcas colocaram a internet no grupo de mídias principais das suas campanhas. Por ser um espaço que não tem limite de tempo como a TV e é mais interativa que os impressos, além de contar com o poder das mídias sociais, a criatividade está rolando solta. Até demais.

O fato é que agências e anunciantes estão adaptando suas campanhas para a linguagem usada na web. Traduzindo: usando e abusando do humor sem planejamento adequado. Mas até onde seguir este caminho pode fazer bem à marca?

Mercedes_LEK_LEK

Acredito que o bom senso deve prevalecer e não perder de vista a arte da publicidade: vender, seja a imagem da marca ou o produto propriamente dito. E algumas peças da web estão mais preocupadas em entreter do que vender.

A onda começou depois do fenômeno pôneis malditos da Nissan, que “saiu da caixa” nas campanhas da categoria e foi comentada, debatida, curtida e compartilhada. Criatividade de qualidade é sempre bem vinda, desde que o foco continue no produto ou serviço anunciado, afinal este é o objeto da publicidade.

Como disse, as mídias sociais, especialmente o Facebook, se tornaram as meninas dos olhos para colocar o comercial por lá e obter grande alcance, mesmo que não seja o público-alvo. E a Mercedes acaba de se tornar símbolo desta busca desenfreada dos likes com o vídeo Novo Classe A. AAAAAA Lelek lek lek lek, onde o “passinho do volante” do MC Federado é a trilha sonora da campanha do carro de luxo.

Na fanpage da marca as opiniões se dividem, mas fica evidente que as pessoas com poder aquisitivo em adquirir o carro estão comentando que podem mudar de ideia sobre a opção de compra. Esta mudança radical de posicionamento pode prejudicar o branding que a Mercedes conquistou através dos anos e passar a impressão que o carro Classe A agora será vendido para a C.

Nada contra em usar hits da internet para conseguir likes, compartilhamentos e tuitadas, desde que tenha a cara da marca e seja usado de forma responsável, o que, para mim, não aconteceu.

Agora quero saber a sua opinião sobre o assunto: vale tudo para as marcas conseguirem milhares de likes para suas campanhas?

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7 Comentários

  1. Bom, concordo plenamente, não adianta nada o anúncio ser “legalzinho” se não despertar o interesse no consumidor, sem contar que está mal selecionado a questão do público-alvo. De fato, o vídeo ficou bem legal, mas acredito que não desperta o famoso feeling pelo produto.

    E não, eu não acho que as marcas devem se submeter aos hits para conseguirem likes, devem mostrar o seu diferencial, ou seja, por que eu escolheria o Audi classe A invés de outro carro? Certamente não seria por causa do “passinho do volante”.

  2. O que posso concluir dessa tese defendida pelo post é que o ser humano continua sendo uma espécie superficial e de propósitos pouco, ou nada, relevantes. Afinal, se o branding da marca está mesmo em risco por causa do hitzinho de gosto duvidoso, se o target está mesmo pensado em abandonar a compra por causa da música, tudo isso é só mais uma prova de que o consumidor não compra o carro pelas qualidade do produto, por gostar do modelo; ele compra, sim, preocupado única e exclusivamente com o nível social das pessoas que vão adquirir um carro igual ao dele, mesmo com a obviedade de que esse modelo seja totalmente inacessível à classe C. Enfim, se for verdade, isso mostra que além de preconceituoso, o consumidor também é burro.

    1. Cabra, isso está implícito em vários produtos que as pessoas consomem. Quem é classe A adquire marcas que passem status para a sociedade e a publicidade da Mercedes, Audi e outras devem seguir esta linha. Como você se sentiria se assistisse ao comercial de sua marca favorita com uma trilha totalmente diferente do seu gosto musical? Fica a reflexão.

      1. Pois é Caio, talvez eu não seja referência, por isso ache a polêmica superficial. Eu não tenho marca favorita, tenho produtos favoritos. E a imensa maioria das marcas que eu consumo sequer tem comerciais de TV. Isso possivelmente não me dá autoridade para falar sobre o assunto paixão/marca.
        Mas fazendo uma comparação, ao meu ver, seria o mesmo que desistir da garota que eu sempre sonhei, porque quando a encontrei na balada, durante os 30 segundos que ela me olhava sedutora, ao fundo estava tocando uma música diferente do seu gosto musical.
        Mesmo não sendo boa referência, lembro da Triton, uma marca de moda elitizada, que na década de 90 fez um comercial com toda sua produção a serviço da trilha que dizia “de quem é esse jegue?”, música do Genival Lacerda, um dos cantores mais bregas da época. Foi um enorme sucesso, inclusive entre o target.
        Enfim, ou eu gosto do produto, ou não gosto. O resto pra mim é cenário.

    2. todo consumidor é movido a desejo, quer seja da classe A, B ou C e D, todo consumidor. No caso do carro ou ele tem um desejo por locomoção/transporte, por conforto, por pertencimento a um determinado grupo social, etc. O que impacta na publicidade é a atenção que ela pode reter do consumidor pelo produto, para que esse consumidor procure mais informações sobre o mesmo. Nesse caso da MB o investimento no anúncio foi pro ralo, pois, serviu de piada para internautas e não cumpriu o seu objetivo principal que é chamar a atenção pela diferença que esse produto pode trazer na vida de quem quer e pode comprar um MB.

  3. Erro total de planejamento. Se a intenção do anúncio é inovar enquanto posicionamento da marca, como indica o slogan, a burrice está na direção de arte e criação. Pelo amor de Deus! O que tem de inovador em lelek lek?

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